sexta-feira, 19 de março de 2010

Jeremias, Episódio n.1

Jeremias tinha visto Maria Matilde pela primeira vez numa feira contemporânea de armaduras em ferro soldadas a prata, e logo aí soube que ela era a mulher da sua vida. Na altura Jeremias respirou fundo, arranjou coragem, puxou as calças para cima, e foi em direcção à Matilde. Quando chegou ao pé dela ficou sem palavras, mas por gestos lá a convidou para sair.
E agora, por entre uma tempestade, Jeremias ia ter com a sua mais-que-tudo. E ele, como galã que era, sabia que tinha que a impressionar. Então não foi de modas e mal ela entrou no carro puxou o banco à frente, pôs o cinto das calças, depois o de segurança, meteu a primeira e…vruuuuuuuum! Em menos de 10 segundos já o Aixam ultrapassava a barreira dos 20km/h. Mas Maria Matilde não parecia surpreendida. Então Jeremias soube que tinha que arriscar! E meteu a segunda! O Aixam deu um solavanco (provavelmente porque Jeremias tirou o pé da embraiagem muito rápido) e quase chegou aos 30km/h. Mas Jeremias sabia que ainda não era suficiente.
E foi então, que num golpe de mestria, Jeremias olhou para Maria Matilde e lhe disse, com o seu olhar de matador de touros de Barrancos: “Maria, sem olhar e o carro está controlado”. E Maria Matilde abriu a boca de admiração (ou de medo, não sei bem). Mas não ficou por aqui. Jeremias entusiasmou-se e disse: “Maria, sem olhar é fácil. Olha agora sem mãos”. E a Maria Matilde até pronunciou um “aaaah” de surpresa (ou de desespero, não sei bem). E de repente ouviu-se um estrondo, o Aixam tremeu fortemente e parou. Jeremias e Maria Matilde saíram do carro e ficaram especados em frente ao Aixam, até que Jeremias disse: “Vês Maria. Primeiro conduzi sem olhar para a estrada, depois sem usar as mãos, e daqui para a frente vou conduzir sem pára-choques.”

Moral da história: só se mete a segunda num caso extremo.

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