«Há coisas que me obrigam a sorrir, coisas que me fazer crer que afinal nem tudo é mau e que, por muito que as coisas não nos corram de feição, vale a pena sobreviver. Às vezes faltam-nos essas coisas e baixamos os braços, até que um dia, inesperadamente, voltamos a sorrir e a ter a certeza que amanhã é um dia melhor e que o futuro nos reserva grandes coisas.» E depois destas coisas, há coisas do catano…
Escrevi aquilo que está entre aspas no dia 8, ou melhor, já no dia 9 (passava da meia noite). Eu sei que é triste ainda escrever estas coisas do tipo «Noites de Utopia», mas é mais forte que eu. E depois de ter escrito isto, eis que no mesmo dia (9, Domingo), surge o motivo para eu escrever esta bonita carta de despedida:
«Na memória ficarão para sempre momentos que por mais que o tempo passe nunca serão apagados, momentos que me marcaram e fizeram de mim aquilo que sou hoje. Ficarão para sempre aqueles dois pontapés que levaram a bola a atingir a janela, aquele pontapé que me levou o pé a partir o vidro da varanda e aquela vez em que corri desalmado para a minha baliza e marquei um auto-golo (que festejei efusivamente). Ficarão os não-sei-quantos toques com uma lata de Pringles, os 640 toques com a bola e a queda consequente e os toques com um porta-chaves em forma de mundo. Ficará também aquele golo de calcanhar, aquela finta num torneio e aquele passe no Verão. Para além de tudo isto, ficará aquele golo de canto directo (em que o vento me ajudou), ficará aquela tentativa de golo inesperada e aquele golo a não-sei-quantos metros em que arranhei as minhas primeiras sapatilhas Nike.
Não esquecerei também aquele ponto no voleibol que fiz depois de um remate acrobático (com o pé), nem aquela época em que para mim o badminton se jogava com os pés. Igualmente recordarei aquele corte cheio de raiva que me fez cair e rasgar a camisa no alcatrão, assim como aquele dia em que levei a bola a dar toques com a coxa até marcar um golo.
E para além de todos estes momentos, ficam muitos outros, alguns bons e alguns menos bons, mas uma coisa é certa: todos esses momentos fazem agora parte do passado.
Adeus joelho esquerdo. Foi um prazer servir a teu lado estes 21 anos.»
Post Scriptum [1]: isto é para ser meio a sério, meio a brincar... mas mais a sério que a brincar;
Post Scriptum [2]: espero que o meu joelho esquerdo ainda esteja em condições de vir à net ver isto.