domingo, 26 de julho de 2015

Até parece que a Roménia é só ciganos

Depois de mais de uma semana de hibernação, eis que há um post nesta espelunca espécie de blogue. E, desta vez, até que é um post com conteúdo. Vamos lá então!



Comecemos então pelo último fim-de-semana, em que me desloquei até ao litoral para me apresentar ao Mar Negro que, estranhamente, nem é nada negro. Para além do facto de em Constanța as praias serem com terra em vez de areia (okay okay, it’s not so bad), é fácil de perceber qual o momento a recordar daquela cidade: aquela moça da esplanada, coza-se! Como disse na altura em que a vi: bruuuuueueeeueue!



Quanto a Mamaia (isso mesmo: MAMAIA!), que é basicamente a praia mais famosa e turística deste país, tem areia mas nem sei ao certo para quê. Tem cadeiras para alugar desde o início do areal até ao início do mar! É impressionante! Para além disso, são muitas as latas/garrafas de cerveja que se podem encontrar abandonadas no areal. Não gostei! 100 vezes Constanța (que se lê Constança)!

Saltando para o fim-de-semana seguinte, mais propriamente para quinta-feira, eis que surge uma das mais singulares histórias que certamente levarei deste país.

Fui até ao meu antigo apartamento (que fica a 10min a pé do atual) para entregar as chaves ao senhorio. Quando estava a regressar, uma rapariga aproximou-se de mim a dizer qualquer coisa em romeno. Prontamente lhe pedi para falar em inglês ou espanhol e ela escolheu a primeira opção.

Apesar de ser num inglês arcaico, lá me explicou que tinha um “big problema” e precisava de fazer uma chamada. “Na boa”, disse eu. Dei-lhe o telemóvel e ela lá fez a chamada, não obtendo do outro lado a resposta que procurava. Acabou por desligar e explicar-me que tinha “finish with the boyfriend” (ainda pensei que o tivesse morto) e que agora não tinha onde ficar.

Resposta do Danielzinho: “Relaxa. Eu moro aqui perto, portanto se quiseres podes ficar comigo. Não te vou fazer mal e ainda te ofereço o jantar” (caraças, foi mesmo assim, mas em inglês). E ela lá veio, aproveitando para me contar mais algumas coisas durante o caminho.

Basicamente, e resumindo a complexa e hardcore história da vida dela (23 anos):
- tinha fugido de casa dos pais para ficar com o namorado há 2 anos atrás (uma vez que toda a família era contra a relação);
- tinha um filho de 3 anos, fruto de outra relação, que já não vê há 1 ano e que agora está com o pai, que entretanto saiu da prisão;
- estava grávida novamente, sendo que quando contou ao namorado, ele lhe disse para ela “tratar disso”. Ela pediu-lhe dinheiro, mas ele não lhe deu (segundo palavras dela, a discussão que originou o fim do relacionamento foi esta. O rapaz tinha dinheiro para cerveja, mas não tinha dinheiro para pagar o aborto);
- chamava-se Niko Nikoleta ou o caraças (segundo o facebook que ela me mostrou), o que daria um excelente nome para um craque da bola.

However, cá jantou e cá dormiu, acordando-me na manhã seguinte para me pedir o telemóvel e ligar à irmã. Dei-lhe uma tigela de cereais e a filha-da-mãe deixou-me mais de metade (MAIS VALIA NÃO TER ACEITE, CARAGO!). Entretanto foi comigo de metro para depois ir à vida dela, sendo que ainda lhe dei um dinheirito porque ela não tinha.

Na despedida, disse-lhe para ter juízo e que estava na altura de começar a pensar um bocadinho na vida. Espero que tenha dado resultado. Ela ligou-me, nesse mesmo dia, umas 5 vezes. Hoje outras duas. Mas não atendi, porque o meu trabalho está feito.


Em suma: nesta noite dormi com um olho no portátil/tablet/iphone e outro na cigana! :D

E voilá, a história da sexta (que também é bonita) fica para o próximo post.

3 comentários:

Unknown disse...

porra, q'orgulho!

Daniel Paiva disse...

Obrigado Mestre, obrigado! :)

Anónimo disse...

Notável rapaz. Ainda estás vivo. RIJO =D